domingo, 13 de julho de 2008

Aspirais

E o nada vira tudo.
Aquilo que parece invisível ou até mesmo longe demais se torna uma parte da vida, da rotina, da alma.
Basta um momento de solidão ou um minuto sem um sorriso - às vezes falso - no rosto para ele vir com toda força e estupidez,fazendo as coisas importantes perderem o valor, desprezando cada partícula que podemos chamar de alegria do corpo e da alma.
E o medo vem junto: medo de tudo virar rotina e esquecer do que é bom, de não vir o amanhã ou simplesmente ser igual ao hoje. E a gente não sabe ao certo da onde ele vem mas temos certeza que ele estava ali o tempo todo, escondido, á espreita esperando um momento de fraqueza para ter mais chance de nos dominar.
Ele anda sempre camuflado de modo que não podemos achá-lo, simplesmente senti-lo: em nossos corações, nossa alma, nossos braços, nossos corpos ou ao nosso lado. Não tem uma cor definida, às vezes é cinza,roxo, preto, rosa,azul, branco.
É por vezes aveludado, áspero, liso. Só sabemos que está ali, cada vez mais melancólico e monótono, fazendo a morte ser preferível.
E ele permanece até alguém vir e fazer nos sentirmos realmente especiais, realmente felizes.E de repente ele morre e volta a ser algo.
Daí o nada se torna algo, que muitas vezes continua a ser invisível, sem cor ou sem gosto, mas que podemos sentir com todos os sentidos de nossa alma e coração.
E por mais que tomamos cuidado para ele não voltar ele permanece vivo em algum lugar, que semre acaba aparecendo nos momentos cinzas de nossas vidas,deixando nossos olhos impenetráveis e sonhos apagados.
Disso, tenho certeza.

domingo, 22 de junho de 2008

domingo X monotonia


Mais uma semana se vai e os dois dias de ócio que - ás vezes - conseguimos começa. Mas a monotonia de domingo é insuportável e os sentimentos que ás vezes vem junto com ele são ótimos.
Por que eu odeio o domingo?
  • Por que sei que no outro dia é segunda e vai começar a pressão de toda segunda-feira.
  • Por que não tem nada que preste na televisão.
  • Por que todo mundo fica em casa sem fazer nada e não gostam de serem atrapalhados nos seus momentos de vegetação.
  • Por que tem que dormir cedo.
  • Por que todos resolvem á sair, menos meus amigos
  • Por que a internet é deserto
  • Por que é horrível domingo de inverno aqui no sul

O que tem de bom nisso tudo?

  • Tenho tempo de ler meu bom e velho livro
  • Tem comida caprichada no almoço (ás vezes)
  • Dá pra ouvir música bem alta
  • Dia de esquecer os problemas e compromissos da semana, dormir até tarde e depois dar uma andada no shopping
  • Incomodar irmão mais novo quando tá em casa
  • Passa na TV meus programas preferidos (Arquivo Morto e Desaparecidos)
  • Posso postar tranquilamente no meu blog porque tenho certeza(?) que a internet fica barata

Quem sabe seja isso que deixe as coisas com aquele toque de monotonia irritante todos os meus sonolentos e sofridos domingos. :D

sábado, 14 de junho de 2008

Bendito Vício


Minha querida mãe, meu caro pai. Estou viciada.
Sim, estou viciada e não há mais jeito de reverter a situação,
não sei se será pra vocês que irei falar mas sim,
estou viciada.
Experimentei dessa droga e sabia - fui tola - que iria me viciar.
Porque nunca mais se larga depois de experimentar,
e até mesmo antes de experimentarem as pessoas se viciam.
Sim, eu já conheci desses.

Falei tanto dos poetas e músicos e hoje me viciei no amor.
Tu vieste com esse teu jogo de olhares, presentes medíocres,
palavras mentirosas e escolhidas - sim,
mentirosas, porque sei o que é mentir -,
esse perfume de revista e outros momentos e segredos
que qualquer idiota apaixonado entende.
Por mais que eu nunca tenha recebido uma carta de amor
mas já tenha lido todas as suas, até mesmo aquelas que
tu nunca escreveu, amei cada palavra escrita e sentia uma ânsia
de cada vírgula de uma frase mentirosa.

Ah, mas como hei de saber que são mentiras?
Se minto para mim mesma que conheço o que é mentira.

Oh, meu Deus! Meu Deus! Meus deuses!
Porque fui me aprisionar nesse bendito amor,
esse amor que me deixa mais tonta que de costume,
que faz meu olhar pairar no ar, que deixa minhas mãos tremerem
no frio da ausência das dele?!
Não sei mais o que fazer.
Estou viciada e isso é fato.
Não há como fugir, nem mesmo se eu te pegar
com uma vagabunda qualquer, porque todas as vagabundas
são qualqueres. Acho até que isso só irá passar quando meu coração
virar a próxima esquina e encontrar uma nova alma hipnotizante.
Ah, mas só irei mudar de vício!

Bom, acho que não tenho nada a fazer a não ser
olhar pela vitrina da padaria os sonhos de chocolate,
os casais pelas ruas, os lixos na calçada, ouvir as mentiras
que nem mesmo conheço e esperar um beijo teu.
Sim, não a nada a fazer meu caro amigo, nada mesmo,
porque fui enganada por todas essas cartas de apaixonados
e poemas esquecidos e lembrados e relembrados.
É, hoje estou viciada por essa bendita droga que é o amor.


"Tudo fica claro quando estamos juntos e esquecemos o mundo além de nossos braços."

quinta-feira, 22 de maio de 2008

O resto não é silêncio.


Joguei rapidamente a tesoura no chão quando percebi o que estava prestes a fazer. Meu pulso estava vermelho com a pressão da ponta da tesoura na minha pele, fiquei olhando com medo pra'quele pedaço de metal atirado no chão frio do banheiro. Na verdade estava com medo de mim também, medo de enlouquecer de tal modo que tivesse coragem de junta-la novamente do chão.
a minha veia parecia querer saltar para fora, um arranhão ao lado dela foram os resultados da minha tentativa de por um fim em tudo.
Naquele momento eu só pensava em mim, em mais ninguém.
as lágrimas caiam com intensidade dos meus olhos, minha mãe achou estranho meu comportamento quando cheguei da rua, não falei nada, permaneci trancada no quarto. Tudo silêncio.
Ah, se ela soubesse que por dentro daquele quarto eu estava tendo os piores pensamentos, desejando a morte, me movendo numa dança desesperada. eu só queria...só queria...
Quando fechei a porta do banheiro atrás de mim o meu rosto totalmente derrotado refletiu no espelho, a tesoura sobre a pia pareceu chamar minha atenção e antes que eu pudesse pensar em algo minha mão agarrou e fez menção de perfurar meu pulso. O medo.
Deslizei levemente sua ponta na minha pele, cada vez mais rápido. Queria ter coragem de finca-la fortemente e deixar minha alma fugir pelo líquido vermelho aurora que banharia o chão frio.
Mas não tive e de repente tive o impulso de joga-la longe de mim. Não, não seria desse jeito e nem nesse momento.
Rezei, pedi que me levasse. Se fosse com esse sofrimento que eu passaria o resto da minha vida que me levasse então. Mas continuei ali.
Deixei as lágrimas caírem.
Devagar limpei meu rosto e saí dali, me sentei na cama e fui ver TV. Minha vida não seria mais de ilusões, de mentiras para mim mesma. Eu lutarei o quanto puder por mais que eu saiba que sou fraca.
Descansei minha cabeça no travesseiro e vi que aquilo que quase fiz não iria acabar com toda a agonia, vergonha e desespero.
Algo gritava dentro de mim: a morte não é silêncio.

domingo, 18 de maio de 2008

Criança


As mãos frágeis, machucadas e pequenas se mexem rapidamente, com a agilidade de um adulto.

Os olhos escuros, sombrios, sem brilho. Parecem não verem o sol. Não verem com a devida beleza de uma criança.
Os cabelos loiros da menina caiem até as costas numa trança, o menino sussurra baixinho. Só pra si, ninguém precisa escutar.
Na verdade ninguém escuta.
Lá na rua, em baixo do sol escaldante com a enxada na mão os pais trabalham com ferocidade, as mãos com os calos pedindo descanso, as costas doloridas com o esforço. Os cabelos sujos e ralos parecem envelhecerem mais o rosto dos homens e mulheres jovens que lutam vivamente.
No interior do galpão as crianças continuam com seus silêncios pesados, uma angústia crescendo nos pequenos corações, os sonhos morrendo por falta de esperança...
As mãosinhas vão terminando de fazer uma boneca, depois outra, outra...
Os pés descalços e machucados tocam no chão frio, o estranho são suas palavras que poucas vezes são escutadas, palavras que não morreram, que continuam ansiando por alguém que as recolha no ar e guarde-as na alma.
O tempo parece passar devagar, devagar demais.
A fome é grande. O mal estar maior ainda.
Daqui, bem longe disso tudo meus olhos parecem verem essas pobres crianças sentadas no chão, as folhas de fumo na mão, os pequenos rostos sérios, a trança da menina loira. Lá, bem distante, eu sei que elas estão lá, com suas mãos envoltas no fumo, os corpos frios e esquecidos carecendo descanso e carinho.
Por mais distante que seja, meus ouvidos parecem ouvir o sussurro do menino sozinho...

"É triste saber que enquanto eu publico essa postagem uma criança está perdendo sua infância, sua pureza. É apavorante saber que ninguém estende os braços para elas se levantarem, que o homem venda os olhos para a merda na frente deles."

domingo, 4 de maio de 2008

Liberdade!

Sabe quando uma vontade toma conta de seu corpo e você só pensa nela?
Pois é... eu estou com uma. Vontade de Liberdade!
Ok, liberdade é uma palavra muito forte e não sabemos exatamente o que quer dizer. Mas a liberdade que eu falo e sinto falta é aquela em que eu possa ir na rua gritar para os céus e os deuses o que eu sinto, é poder andar pela calçada cantando a música que eu quiser. É poder dançar abraçada ao vazio, é poder desenhar linhas desiguais numa folha de papel, é sorrir para uma criança na rua e poder abraça-la como se fosse um pedaço de esperança.
É poder andar sem rumo e parar apenas quando meus olhos encontrarem alguém que sorria para mim, é andar de balanço num parque qualquer.
Sim, é essa liberdade que eu sinto falta.
A de poder ir até aqueles miseráveis e dar na cara da Anna Carolina Jatobá e de todos os outros assassinos de inocentes.
Tenho vontade de poder andar tranquila numa tarde de primavera e ficar abraçada com alguém que eu ame, de sorrir para o sol e me deitar na grama para ver desenhos nas nuvens.
Exatamente que vida estou levando se não faço mais nada disso?
É estranho como algumas pessoas esquecem de ser feliz quando deixam de ser criança.
E amanhã quando sol nem tiver acordado vou me levantar- não importa essa chuva que insiste em cair - e vou correr loucamente, vou sorrir para as crianças e abraçar com toda minha paz interna as pessoas em volta.
O mais estranho disso tudo é quando esquecemos da nossa criança que está sempre dentro da gente e sufocamos ela com preocupações e responsabilidades, e acho, que finalmente, eu percebi que tenho que acordar a minha que já estava esquecida no meio de tanta agonia.

Para o castelo das ilusões...


Um facho de luz do sol entra pelo buraco do teto e faz pequeninas partículas de sujeira flutuarem no ar, como se dançassem. dançassem na minha desgraça inútil.
Tudo é sujo, tudo! Desde o piano que anseia pelos dedos de alguém para toca-lo até a última caixa com velharias guardadas.
Já mexi tanto nessas caixas que sei tudo sobre cada pedaço de vidro quebrado guardado nelas e cada carta de amor que meus avós escreviam e recebiam. Tudo tão imoral e brega. O pior é que tudo que se torna brega acaba virando romântico.
Pobre piano... tanto tempo guardado dentro desse sótão. As poeiras cobrindo suas teclas, como um lençol.
Igual aquele de flores mortas que colhi pra ti, lembra?
Provável que não.
Você nunca deve se lembrar das coisas que fiz pra você. Flores mortas são tão belas...
Queria por um momento me tornar essa mariposa que voa entre esse acumulo de pó, o ruflar de suas asas parecem silenciar meus pensamentos e me deixar pairando no ar como se me agarrasse ao um grande pêndulo.
Não entendo como as pessoas podem deixar os sótãos tão solitários, fazendo os tornar cinzentos. Mas deve ser aí que está toda essa beleza: os lençóis brancos cobrindo tudo, o pó fazendo as coisas parecerem mortas, as tábuas rangendo, o facho de luz que penetra no íntimo de tudo, a mariposa solitária.
Me lembro quando "eles" gritavam pelo meu nome e eu não respondia, me procuravam todo o dia e eu permanecia calado aqui encima. Depois eu aparecia com meus dedos sujos da poeira e os olhos refletindo o brilho da lua - ah, a lua!, posso ver as estrelas deitado aqui,posso ver cada movimento das fadas em volta da lua - , todos perguntavam onde eu estava.
"Estava na torre mais alta desse castelo, ouvindo os pássaros cantarem uma sinfonia desesperada, estava olhando o mundo cinzento abrindo portas para minha fértil imaginação. Estava eu sentado no chão vendo as memórias de corações que temem a verdade, porque se não fizesse isso meus olhos só veriam aquilo que vocês querem que os outros vejam."
Por um momento me julgaram louco e permaneceram a me chamar mas daí eu não respondia e depois me sentava á mesa para contar minha novas descobertas, depois se cansaram de me chamar e os pássaros cessaram a sinfonia.
E meu mundo foi crescendo nesse sótão, meu sótão. Meu mundo.
Ás vezes quando a casa respirava silêncio eu sentava em frente o piano e tocava em suas teclas, ele respondia e meu coração parecia ecoar cada nota. Aos poucos até as folhas secas do outono passado que caíram aqui se tornaram uma parte de mim.
Um dia tive que sair do meu castelo para conhecer o mundo dos reles mortais. Vi muitas coisas e percebi que tudo é tão cinzento quanto o meu sótão.
Mas daí conheci você.
Andamos entre as árvores daquele parque, aquele parque que as folhas ainda eram vivas.
Você queria me conhecer e eu queria te conhecer mas antes você queria conhecer o meu mundo. Te levei para meu castelo, ele era meu mundo.
Tudo estava lindo, em perfeita ordem: a poeira dando aquele toque de esquecimento, o piano ressonando, o facho de luz, as tábuas cobertas pelo pó amaciando nosso pisar como um tapete e as coisas velhas e esquecidas. Você se virou para mim e falou com sua voz cravando em meu peito uma estaca e rasgando meu coração com um último suspiro:
"é só isso?"
Daí você se virou e foi embora. Eu não tive coragem de correr atrás de você.
Meu sótão se tornou tão escuro e agora nem esse facho de luz faz algo se tornar claro.
Ás vezes meu mundo parece um pequeno pedaço de pão sem a taça de vinho ao lado. .
As coisas se tornam tão simples como essa mariposa quando não se tem amor.
Eles que moram ali em baixo acham que minha loucura se aprofundou demais até atingir meu coração, porque do meu sótão eles não ouvem mais nada, do meu mundo eles não mais vêem alegria entre as cinzas do passado.
Deve ser porque nada mais foi descoberto.
Deve ser porque você já era uma boa parte do meu mundo.

Pucca.

O que somos nós sem o amor? ;)

sábado, 3 de maio de 2008

Cores

A chuva já caia a dois dias aqui no estado e eu esperava o fim dela. Um único motivo: o arco-íris.

As listras azuis, amarelas, verdes, rosas...

Tudo colorido e claro num facho de luz brilhante no céu surgindo através das nuvens cinzentas.
Mas a chuva já havia parado e nada das cores aparecerem.

O tempo passava e as nuvens cinzas e carregadas com um pouco de água ainda estavam ali, nada de listras, nada de cores, nada de brilho. O céu se mantinha nublado e esquecido de sorrir.

Já me virava pra entrar novamente para dentro de casa quando olho para uma poça d'agua e vejo: atrás do meu reflexo fora de foco cores claras e alegres.

Minha mãe me chamou para dentro mas ainda tive tempo de olhar para trás e ver as listras coloridas surgirem entre as nuvens cinzas.

"É estranho como meu dia parecia mais claro quando acordei desse sonho e vi a água ainda caindo lá fora." :)

domingo, 20 de abril de 2008

Entre pais e filhas


Sempre houve um certo conflito entre eu e meu pai.
Seja por causa da música que eu ouço no rádio ou o modo que eu sento na cadeira.
Ele sempre critica o modo que eu me vestia: blusas pretas, calça jeans, all star. Depois usei maquiagem. Brigas.
Na verdade nunca fui dessas garotas se preocupar com muita maquiagem, até só uso lápis ás vezes.
Mas ele não gostava e eu não podia gostar.
Fui e ainda sou chamada muitas vezes de "ridícula".
Ah, claro, não posso ter amigos. Se está abraçado comigo ou em uma foto: "Quem é esse? Amigo? Sei...!"
Que merda, odeio desconfiança.
Me sinto como uma garota de contos infantis perdida num labirinto de livros e música onde um monstro corre atrás.
Depois a briga começou com meu amor com letras. Escrevia e escrevo muito.
Ele não aceitava. Mandava eu desligar o pc e dormir. No outro dia me perguntava o que tanto fazia.
"Tava escrevendo."
"O que tanto escreve?!"
"Meus textos."
"Que frescura."
Minha mãe tomava minha frente. Xingava ele e me dava apoio.
Ela chegou a gritar para ele que se ao menos ele se interessasse em ler algum conto poderia criticar. Mas não.
Minha mãe com raiva gritou: "Quando ela estiver com o livro dele como mais vendido e milhões de cópias ela vai esfrega na tua cara".
Ele riu ironicamente. Isso me machucou, muito.
Se meu pai não acredita em mim, quem vai acreditar?!
Hoje eu estava estudando música mesmo com uma dor de cabeça tremenda. Ele entrou no meu quarto e começou a usar o pc.
Eu estou aprendendo notas realmente agudas e claro que vai sair desafinado mas sem praticar nunca vai afinar. Por mais feio que seja temos que aguentar um momento para que amanhã tudo esteja bom.
Ele começou a criticar.
Pronto. Acabou a paciência.
Pode até falar das coisas que escrevo - sem ao menos ler - mas da música eu não admito.
Larguei o violoncelo e saí. Ele até me chamou de animal mas isso não importa. O que doeu foi o fato dele ter falado isso sendo que foi sempre que me apoiou na música.
Merda, porque ele não pode acreditar um momento em mim? Porque ele não pode esperar um pouco pra eu conseguir fazer algo certo?
É difícil guardar isso só pra mim - ele acaba de entrar no quarto. Pronto, já saiu -, ter que guardar as lágrimas para dentro do banheiro.
Queria saber escrever algo pra me sentir aliviada mas não acho bonito meus textos. Parecem tão artificiais.
Pra ele deve estar sendo difícil ver que sua filha está crescendo e não é o modelinho que ele sonhou.
Sim, não sou um robô da sociedade e nunca quero ser. Ás vezes minha mãe briga comigo por gritar com ele mas não consigo ficar quieta em frente a uma injustiça.
Queria que o tempo passasse que nem aquele filme "De repente 30" e já ter me tornado alguém na vida, e assim poder jogar na sua frente um ingresso para meu concerto ou jogar a sua cara o meu livro.
Depois ia querer voltar, para ficar tranquila, e estudar escondida em algum lugar longe dele e esperar o dia em que eu farei ele chorar. Por orgulho ou por arrependimento.

sábado, 19 de abril de 2008

Nós, loucos


Devo ser realmente louca.
Não sei, mas dizem muitas vezes que não bato bem da cabeça. Nunca entendi direito o que queriam dizer meus amigos.
Hoje, ouvindo uma palestra em um Fórum de Lieratura Infantil e Juvenil, onde eu estava no meio de dezenas de professores e escritores - sim, me senti um lixo - quando uma mulher começou a falar sobre seu projeto em uma cidade.
No meio de suas palavras revoltadas contra a sociedade ela fala:
"Loucos são aqueles que querem uma vida melhor para suas crianças, que querem uma vida melhor para si. Que querem ver o pobre feliz, que querem liberdade! Que lutam com garra, e que fazem o que estamos fazendo agora: resgatando a literatura na vida da criança e do adolescente!"
Daí me liguei por que me chamavam de louca: porque eu não ficava com aquele bonito da escola só porque ele era idiota, que ficava ás vezes o recreio lendo um livro de Erico Verissimo, porque eu preferi ler um livro ou fazer parte de algo cultural do que ir a uma festa super badalada.
Que eu era louca por sonhar com país livre de violência e porque eu gritava para o professor de história: eses capitalistas de merda.
Que eu era louca por gritar contra a injustiça e estudar sobre drogas num dia claro.
Sim, pois então sou louca!
Por que se louco for aquele que sonha e sacode as mãos para o alto em busca de justiça eu sou esse louco, e espero intensamente que eu morra com essa loucura agarrada a um livro que fale sobre loucuras de amor.

"Eu quero no meu canto,
a juventude ativa!"

domingo, 13 de abril de 2008

Amor da minha vida (?)


Na verdade tudo começou quando começamos a falar sobre MSN. Estávamos sentados nos bancos embaixo do quiosque - ou o "circo" como chamamos.
Trocamos e-mails e nos finais de semana começamos a conversar. Nos víamos quase todos os dias, mas só depois da internet é que começamos a virar amigos.
O papo era animado e descontraído. Para mim, e a maioria das garotas da escola, ele era um dos garotos mais bonitos, e mais tarde descobri que o mais fofo.
Sem intenção perguntei de quem ele gostava, ele enrolou. Eu insisti. Com um modo meio tímido e demoradamente ele manda a frase que fez meu coração acelerado:
"Tô falando com ela agora"
Sorri silenciosamente e me fiz de desintendida, para mim é estranho alguém me achar atraente ou até mesmo dizer que "gosta" de mim.
Ele insistiu e eu mudei de assunto.
Os papos continuaram durante o decorrer dos dias, e nossa amizade se concretizava mais na vida real. Aos poucos fui notando coisas a mais nele. Ele era realmente fofo.
Meu coração aos poucos foi amolecendo e batendo mais forte quando ele estava por perto.
Amigos perguntavam, a mãe desconfiava, ele sofria, amigas tinham chiliques...
OK, EU TÔ Á FIM!
Se depois disso eu me entreguei aos braços musculosos dele e beijei sua boca ardentemente?
Claro que não.
Eu simplesmente me mantive longe, como se tudo fosse amor platônico. O melhor amigo dele também é meu melhor amigo. Minha melhor amiga acabou virando a dele também.
Tínhamos ciúme um do outro mas não nos entregávamos ainda.
Janeiro desse ano: uma viagem esperada por todos.
Minha escola faria uma viagem de uma semana para uma fazenda enorme, onde estudaríamos cansadamente. Se eu fui? óbvio! Ele foi? Com certeza!
Era o terceiro dia de viagem quando eu ria com meu melhor amigo próximo ao refeitório, ele chegava com um sorriso no rosto. Pediu pra falar comigo e minha vontade foi de sair correndo dali, meu amigo sorriu e disse pra mim ir.
Andamos um pouco até ele começar a falar, enquanto meu coração fazia de tudo para não pular pela boca.
Suas palavras foram perfeitas: "é difícil encontrar uma garota como tu, e eu gosto realmente de ti. Queria que a gente ficasse juntos."
Meu coração quebrou.
Claro que não podíamos ficar juntos, meus pais nunca permitiriam. Gaguejei até escolher as palavras certas. Não queria machucá-lo.
Então ele fez uma única pergunta: "E tu ficaria comigo?"
Sim. SIM!
Foi um beijo tímido. Interrompi logo no início,estava realmente nervosa. Era meu segundo beijo na vida.
Mas além disso meu maior medo era a diretora da escola que poderia ver, ela é severa. Saímos dali.
Na última noite ele e mais dois amigos bateram na porta do meu quarto e de mais cinco amigas. Apenas eu e mais duas fomos.
Íamos ver o pôr-do-sol. Era frio. Ficamos apenas abraçados, enrolados num cobertor. Nada aconteceu a não ser o sol nos banhando de luz.
Depois ficamos outras vezes. Ainda damos beijos um no outro.
Aos poucos fui pegando prática. A única dúvida: será que ele gosta do meu beijo?
O único problema que me incomoda todos os dias é sobre meus sentimentos. De repente não sinto aquela vontade de ficar perto dele, não sinto falta dos beijos dele, não anseio por estarmos a sós. Será que a paixão acabou?
O pior é que ele ainda me ama. Sim, me AMA.
Diz isso com todas as letras - e as mais bonitas: TE AMO.
Isso machuca, pelo medo que sinto em machucar ele e assim me machucar.
Ele é um grande amigo, tenho medo de perdê-lo.
Problemas de adolescentes parecem o pior do mundo.
Minha desculpa são os estudos. Na verdade isso é um fato.
Ah, sobre o que aconteceu sobre meus dois melhores amigos?
Eles estão juntos. ^^

"Momento de insana vontade de escrever algo e desabafar comigo mesma"

sábado, 12 de abril de 2008

Admiradora do som da chuva...

Já passa da uma hora da manhã e eu consegui driblar meus pais e continuo sentada na frente da minha máquina de escreve moderna.
A chuva cai em pequenas doses: primeiro chuvisca, depois vai aumentando até ela começar a cair como lágrimas de um bebê inconsolável.
A noite é fria - ou devo dizer: a madrugada é solitária?! - a única companhia que tenho é minha gata cinza que dorme e ronrona sobre meu colo.
Acho que essa é aquela legítima noite que eu me imagino -já adulta- trancada dentro dum apartamento sombrio e solitário no centro da cidade, com uma caneca de chocolate quente em frente ao computador e eu escrevendo minhas melancolias. Logo atrás de mim minha cama desarrumada da manhã passada, as luzes apagadas, o som do metrô em frente, a janela aberta e o vento invadindo o quarto.
Uma visão bucólica, mas gosto de pensar e acrescentar mais coisas nela a cada dia.
Já passa das duas da manhã e o sol se esconde atrás da lua, e a lua se esconde por detrás das nuvens carregadas de fúria e tristeza.
Quando era pequena minha mãe dizia que quando chovia muito era porque Deus estava muito triste ou zangado, eu pensava:
- Não fica assim Papai do Céu, seja o que for, não vai acontecer de novo.
É engraçado que hoje em dia quando chove em noite de finais de semana ou feriados eu não imagine lágrimas e sim um casal de amantes dormindo abraçados em uma cama aconchegante. O som da chuva caindo é tão bom, e saber que você pode ficar trancada dentro de casa tomando chocolate-quente é uma sensação ótima.
E dessa vez olho para o céu e falo de um modo diferente com Papai do Céu:
- Obrigada meu Deus!


Sonhos roxos e folhas secas




Eram exatamente quatro da tarde e o sol ainda brilhava sobre as árvores.
Eles continuavam deitados sobre a grama, com os livros atirados em suas volta e os olhos postos nas nuvens.
As árvores pareciam dançar ritmicamente ao sopro do vento enquanto ipês roxos caiam sobre os corpos dos três e de suas cartas de amor.
O cheiro de chimia de abóbora enchia o ar, o som das folhas secas sendo esmagadas pelos pequeninos gnomos soa longe, o ruflar das asas das borboletas amarelas pareciam lábios se encontrando, a música que Ana cantarola soa como flauta doce cantando as estrelas do mar.
O céu aos poucos vai se tornando lilás, igual ao vestido que Alice usou para ia a cidade comprar amoras. Seus dedos brincam com uma borboleta morta que Luís trouxe na manhã passada, adormecida entre suas mãos grandes e desajeitadas.
Ana sonha, sonha com as nuvens com gosto de maçã. Maçã é doce. Lilás é doce.
Ah, como ela gostaria de estar sentindo o gosto de lilás, derretendo em sua língua e espalhando seu sabor doce em cada canto de sua boca.
O sol se esconde entre as nuvens e depois reaparece. Luís se mexe sobre a grama úmida e deixa cair a pétala da rosa morta que guardava dentro do livro velho e amarelado.
Aos poucos os sonhos roxos – como os biscoitos que vovó fazia – vão sendo desenhados no horizonte, como se Deus estivesse sobre eles com um lápis sem ponta.
Os corações cor de cereja palpitam tranquilamente no peito de cada um deles.
“Que sabor terá o céu?”
Pergunta Ana com sua voz ondulando o vazio.
“Deve ter o gosto de maçãs, assim como as nuvens.”
Responde Alice, com sua cabeça deitada na grama e seu corpo miúdo coberto pelo casaquinho de lã preto.
“Não sejas boba” fala Luís “O céu tem gosto de amora, não vês os pássaros que nele voam?! Estão colhendo as frutinhas que nele brotam.” .
Seus olhos perfuram cada canto do bosque, como se estivesse olhando biscoitos de avelã e donzelas adormecidas.
O vento vai trazendo consigo o cheiro de mel com sonho de criança, os lábios de Alice cantarolando uma cantiga infantil qualquer parecem à delicadeza de peixinhos dourados nadando no aquário, igual á aquele que fica na vitrina da padaria.
Uma vontade avassaladora de tomar um gole da bebida púrpura sobe á garganta como uma ânsia, Ana se levanta. Movendo seus cabelos vermelhos de um lado para outro ela nem dá importância às pequeninas flores azuis que pisa.
O sol aos poucos vai sumindo, se escondendo atrás das montanhas verdes e movimentando um brilho intenso que nasce no rio de chocolate que corre manso, exalando o cheiro forte de vinho.
Luís também se levanta. Ele e Ana juntam contra o peito os livros de capa vermelha aveludada, Alice continua deitada.
De seus olhos duas lágrimas brotam e rolam por seu rosto até chegar a seus lábios, os invadindo com um gosto agridoce.
Ela fita o pássaro colorido que pousa na árvore próxima – que estende uma grande sombra sobre o jardim -, onde ele saboreia uma amora, sujando seu bico amarelo de roxo. Como se o céu estivesse sangrando.
Ana passa seus dedos pelos cabelos de Alice. Seus olhos são confortantes, sua mão quente e em seus lábios um sorriso doce.
“Vamos Pepônia, a volta sempre é mais fácil.”.


Por Gabriela Pairet.

"Para dois pepônios muito importantes na minha vida, pois são eles os que sabem o gosto do céu e a cor do vento que cobre os poetas mortos."

Pássaros, gnomos, nuvens, palavras e um pouquinho de Deus...


A tarde era quieta e entediante. O único som era dos carros que passavam velozmente pela avenida e os passarinhos que cantavam na frente da minha casa.
Eu foleava lentamente o livro de Erico Verissímo e minhas pálpebras cansavam.
Me sentei em frente á minha máquina de escrever moderna e escrevi o que vinha na minha cabeça: nuvens de maçãs, anjos de pirulitos, rios de chocolate, pássaros de marzipã, sonhos roxos, gnomos dançarinos, floresta com aroma de chimia de uva...
Mente infantil?
Se infantil for sinônimo de sonhar, sim!
Quem dera que nossos sonhos por um breve instante se tornassem realidade, que pelo menos uma metade disso tudo se transformasse em algo além do que folha de papel e palavras imaginárias.
Que todos os beijos tivessem o gosto de frutas, todos os abarços fossem quentes e confortantes como o de mãe, que todos os amigos ouvissem e falassem quando você mais precisa, quem dera...

Quem sabe um dia Deus pegue um lápis sem ponta e desenhe sobre um papel reciclado todos os sonhos das meninas de corações coloridos.

Meu dia e problemas sem solução


Meu dia começa basicamente ás 07:21 da manhã. Sim, esse é a hora que eu acordo pra ir ao colégio.
Ao contrário de algumas amigas eu não me acordo uma hora antes para me maquiar, pentear cabelo, esperimentar quatro tipo de roupas, se maquiar - de novo -, se olhar no espelho, e blá blá blá. Até faço questão de chegar atrasada e ir com qualquer roupa. o.O'
Deve ser pelo fato de ser meu último ano no colégio e não ter exatamente NINGUÉM interessante nele.
\o/ Help!
Mas tuuudo bem, já to acostumada, e afinal, ano que vem vou pra outro colégio. Dalê 1º ano
E que horas acaba meu dia?
Daí é oooutro assunto, durante o percorrer do dia -palavras bonitas *-* - faço o seguinte: vou pra escola, almoço em casa, vou pra escola de música, volto pra casa, quando tem vou pro curso de inglês e no final da tarde - finalmente \o/ - vou pra casa.
Claro que dá tempo de pensar de vez em quando no meio disso tudo.
Garotos? Se tem garotos na minha vidinha?
Claaaro, a todo momento. Tenho amigos de sobra e amo cada um deles, existe um em especial. <3
Bom, já são extamente 22:29 da noite e tenho que me deitar. ai,ai...o soninho chega e minha mãe já ta gritando:
- Sai dessa porcaria de internet... AGORA!
ok,ok, ela sempre vence essa briga. =/
Pucca